
Gaza – PressTV. Usuários das redes sociais explodiram de indignação após o Conselho de Segurança da ONU aprovar uma resolução redigida pelos Estados Unidos que exige uma “força internacional” em Gaza para promover a “desmilitarização” e desmantelar a infraestrutura da resistência, apesar da ocupação e das atrocidades israelenses em curso.
Na segunda-feira, o Conselho de Segurança da ONU adotou a resolução para estabelecer a chamada Força Internacional de Estabilização (ISF) na faixa costeira.
A força, que deverá ser formada por Estados Unidos, Turquia, Catar e Egito, operaria sob o pretexto de reconstrução e segurança. Críticos, porém, afirmaram que a proposta apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que inclui o desdobramento dessa força, ignora questões fundamentais da ocupação israelense, a responsabilização por crimes de guerra e o direito dos palestinos à autodeterminação e à reparação.
“Esta resolução do Conselho de Segurança da ONU é, de certo modo, além de orwelliana. É cômica. Parece uma paródia do orwelliano”, escreveu no X Sam Husseini, escritor e ativista político americano que faz campanha, entre outras causas, para denunciar o genocídio do regime israelense em Gaza. Com “orwelliano”, ele se referia ao mundo sombrio e opressivo descrito por George Orwell, especialmente em seu romance 1984.
“Ultraje colonial EUA-Israel”
O advogado de direitos humanos e ex-funcionário da ONU Craig Mokhiber descreveu a resolução como “horrífica”, lamentando que nenhum membro do Conselho tivesse tido a coragem, os princípios ou o respeito pelo direito internacional necessários para votar contra.
Ele descreveu a proposta em 20 pontos de Trump — que o presidente dos EUA afirma ter como objetivo pôr fim ao genocídio israelense em Gaza iniciado em outubro de 2023 — como um “ultraje colonial EUA-Israel”.
“Essa proposta foi rejeitada pela sociedade civil e pelas facções palestinas, e pelos defensores dos direitos humanos e do direito internacional em todos os lugares.”
O movimento de resistência Hamas em Gaza aceitou entregar todos os reféns israelenses restantes no território e até transferir a administração de Gaza para um organismo palestino — obrigações que tem cumprido até agora e que promete cumprir integralmente — apesar de o plano falhar completamente em impor compromissos a Tel Aviv.
Mokhiber afirmou que segunda-feira marcará “um dia de vergonha” para os países ajoelhados diante “do império americano e de seu violento cliente israelense”, mas expressou certeza de que “a luta pela liberdade palestina continuará inabalável, com ou sem eles”.
O professor universitário palestino Sami al-Arian classificou o desdobramento autorizado pela resolução como “imperialismo com outro nome”, afirmando: “A liberdade e a autodeterminação não são dadas de presente. São conquistadas através da firmeza e da resistência.”
O poeta e escritor palestino Mosab Abu Toha, que recebeu o Prêmio Pulitzer de 2025 pelo comentário sobre o sofrimento dos palestinos, ironizou o Conselho por ter falhado em exigir um cessar-fogo durante dois anos, mas se apressar a aprovar “um plano norte-americano para administrar (ocupar) Gaza”.
O escritor palestino Omar Hamad lamentou que os lampejos de esperança entre os palestinos pela paz sejam sempre destruídos por Washington e Tel Aviv da maneira mais horrenda.
“Cada vez que a esperança cresce dentro de nós, eles vêm com suas facas e nos massacram de todas as maneiras possíveis.”
O ativista e analista pró-palestino Robert Inlakesh definiu o plano como uma tentativa de “mudança de regime violenta”.
O conhecido jornalista palestino-americano Ali Abunimah criticou Rússia e China por terem se abstido diante da resolução, em vez de vetá-la.
A pesquisadora americana Assal Rad disse que o Conselho falhou em tudo aquilo para o qual foi criado — “a menos que tenha sido criado para dar legitimidade ao imperialismo”.
Medea Benjamin, cofundadora do grupo pacifista Code Pink, denunciou o Conselho de Segurança da ONU por ter fornecido “aprovação universal” aos EUA para implementar um suposto “plano de paz” em Gaza, embora Washington tenha sido o principal fornecedor das armas com as quais o regime israelense conduziu o genocídio.
O jornalista Ahmed Eldin condenou o Conselho por ter “abençoado a ocupação americana de Gaza” através do envio de tropas para desarmar os palestinos. Ele também criticou a proposta de Trump de estabelecer um suposto “Conselho da Paz”, que seria responsável por supervisionar uma autoridade provisória de tecnocratas para governar Gaza, bem como a previsão de retirada israelense apenas após a “rendição” dos combatentes da resistência palestina.
