As ajudas finalmente estão chegando em  Gaza depois de dois anos de genocídio israelense? Eis o que sabemos

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Gaza – Quds News. Depois de dois anos de genocídio, Israel permitiu apenas uma fração das entregas de ajuda humanitária acordadas no âmbito do cessar-fogo, que já entrou na terceira semana, incluindo abrigos e alimentos. Agências humanitárias e moradores de Gaza descrevem as ajudas recebidas como “limitadas” e pedem a Israel que facilite o fluxo de suprimentos.

Fome provocada por Israel

Durante os dois anos de guerra genocida em Gaza, Israel fechou todas as passagens de fronteira, incluindo a de Rafah com o Egito, bloqueando a entrada de ajuda e mercadorias.

O cerco rigoroso levou a uma fome generalizada, oficialmente declarada pelo IPC em agosto, que causou dezenas de mortes por desnutrição e falta de medicamentos.

O que o cessar-fogo diz sobre a ajuda a Gaza?

O acordo, mediado pelos Estados Unidos e assinado em 10 de outubro entre Hamas e Israel, previa o fim do bloqueio, com a reabertura da passagem de Rafah para o trânsito de pessoas e a entrada de 600 caminhões de ajuda humanitária por dia, sendo 50 carregados com combustível.

Israel cumpriu o acordo?

Não. Eis o motivo.

Segundo o escritório de imprensa do governo de Gaza, entre 10 e 31 de outubro, apenas 3.203 caminhões comerciais e de ajuda humanitária chegaram ao território — uma média de 145 caminhões por dia, ou seja, apenas 24% do previsto pelo acordo.

Situação atual:

  • Movimento de pessoas: Israel mantém a passagem de Rafah fechada, impedindo que milhares de feridos graves e doentes busquem tratamento no exterior.
  • Combustível: Apenas 115 caminhões entraram — cerca de 10% da quantidade acordada.
  • Medicamentos: Apenas 10% dos suprimentos médicos essenciais foram autorizados a entrar.
  • Máquinas pesadas: Israel não permitiu a entrada de equipamentos necessários para remover escombros, abrir estradas e recuperar corpos.
  • Abrigos: Pouquíssimas tendas e abrigos foram autorizados desde o início da guerra.

Quais alimentos Israel bloqueia?

Israel bloqueia o acesso a mais de 430 tipos de produtos alimentares essenciais, incluindo:

  • ovos, carnes vermelha e branca, peixe, queijo, laticínios, frutas, verduras, suplementos alimentares,
  • além de diversos itens essenciais para gestantes e pacientes.

“Condenamos firmemente a obstrução israelense à entrada de ajuda humanitária e responsabilizamos totalmente a ocupação pelo agravamento da crise humanitária na Faixa de Gaza”,
declarou o escritório do governo de Gaza em comunicado no sábado.

O governo também instou o presidente dos EUA, Donald Trump, e outros mediadores do cessar-fogo a pressionarem Israel para permitir a entrada de ajuda “sem restrições ou condições”.

Violações do cessar-fogo

Desde a assinatura do acordo, Israel continua violando o cessar-fogo com tiros diretos contra civis, bombardeios e prisões arbitrárias, evidenciando uma política contínua de agressão apesar da suposta “fim da guerra”.

O que dizem as agências humanitárias?

Organizações internacionais e as Nações Unidas afirmam que, apesar da enorme necessidade, Israel permite apenas uma pequena fração da ajuda necessária entrar em Gaza.

“O cessar-fogo deve desbloquear imediatamente o acesso humanitário completo e sem restrições a Gaza”,
declarou a Oxfam.
“A comunidade internacional deve garantir que Israel abra todas as passagens e permita o fluxo livre e seguro de ajuda e mercadorias para toda a Faixa.”

O Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) informou que as operações humanitárias permanecem restritas devido às limitações israelenses.

Segundo o OCHA, comboios de ajuda enfrentaram repetidas ordens de desvio de Israel por três dias consecutivos, sendo forçados a utilizar o Corredor da Filadélfia, na fronteira com o Egito, antes de seguir para o norte pela estreita e congestionada Estrada Costeira.

“A estrada é estreita, danificada e muito congestionada. Mesmo após reparos feitos pelo Programa Alimentar Mundial, o deslocamento é lento. São necessários mais pontos de travessia e rotas internas para ampliar as operações”,
disse o porta-voz adjunto da ONU, Farhan Haq.

Atualmente, 40 ONGs internacionais, incluindo Médicos Sem Fronteiras, Oxfam, People in Need e o Conselho Norueguês para Refugiados (NRC), afirmam que Israel rejeitou 99 pedidos de entrega de ajuda nos primeiros 12 dias do cessar-fogo.

“Estamos em um impasse”, afirmou Jan Egeland, diretor do NRC.
“Quando pedimos para enviar ajuda, as autoridades israelenses respondem: ‘Seu registro está em revisão, vocês não estão autorizados a fornecer ajuda.’”

Nesse contexto, a UNRWA informou que estoques de abrigos de inverno suficientes para um milhão de pessoas permanecem bloqueados em armazéns, sem permissão para entrar em Gaza.

Situação humanitária em Gaza

Autoridades locais alertam para condições de vida desastrosas entre os deslocados.
Segundo Alaa al-Batta, prefeito de Khan Younis, milhares de pessoas vivem em tendas precárias que não oferecem proteção contra o frio do inverno ou o calor do verão.
Ele acrescentou que 93% das tendas são inabitáveis, forçando mais de 900 mil residentes e deslocados de Rafah a viverem em condições de superlotação extrema.

Moradores de Gaza descrevem uma realidade desesperadora:

“A situação está piorando com os escombros, a destruição e as tendas rasgadas. Esperávamos que o cessar-fogo aumentasse o fluxo de ajuda, mas nada mudou”,
disse Ahmed Ashour, morador de Tel al-Hawa.

“Quando poderemos comer como pessoas normais?”, perguntou Nadia Seda, mãe de três filhos.
“Meus filhos sonham em comer carne ou ao menos uma maçã. A ajuda que chega é mínima. Queremos ovos, frango, carne, verduras — a lista é longa.”

Ela contou que vê vídeos de comida nas redes sociais enquanto passa fome em Gaza.

“O mundo não tem piedade”, concluiu.

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