Documentário brasileiro faz retrato brutal da Palestina e rompe com a neutralidade

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Documentário brasileiro faz retrato brutal da Palestina e rompe com a neutralidade

Com exibição única em Salvador (BA), “Notas Sobre um Desterro” revisita a ocupação com imagens de arquivo, registros inéditos e vídeos recentes da Palestina.

Em um momento em que os olhos do mundo se voltam (ou se desviam) da Palestina, o documentário “Notas Sobre um Desterro”, dirigido pelo paranaense Gustavo Castro, chega ao Cine Teatro 2 de Julho, em Salvador (BA), para uma exibição única no próximo dia 17 de novembro, às 19h. Com a força de um testemunho que se recusa ao silêncio, a obra denuncia, com profundidade histórica e sensibilidade estética, o que o diretor define como “processo quase irreversível de limpeza étnica” contra o povo palestino. A entrada é gratuita.

A gênese do projeto remonta a 2018, quando Castro e o fotógrafo Rafael de Oliveira percorreram a Cisjordânia ocupada, hospedados pela família de Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL). Durante um mês, cruzaram rodovias vigiadas por tanques e barreiras militares, documentando o cotidiano de quem vive sob ocupação. Era uma tentativa inicial de compreender a resistência civil, longe da retórica midiática.

Mas a escalada de violência iniciada em outubro de 2023, com os bombardeios israelenses em Gaza após o ataque do Hamas, mudou o eixo do projeto. Milhares de palestinos foram mortos desde então. “Há um ano e meio ouvimos notícias sobre Gaza, sempre de forma superficial, como se tudo tivesse começado em 7 de outubro de 2023. Notas Sobre um Desterro parte da premissa de que, diante de um processo quase irreversível de limpeza étnica, tomar partido é uma obrigação, afirma o diretor. 

“Notas Sobre um Desterro” é construído como um ensaio visual, em primeira pessoa. Em vez de narrativas didáticas ou linguagem técnica, aposta na potência das imagens e da escuta. Une registros originais da viagem, arquivos históricos e vídeos recentes compartilhados nas redes sociais pelas próprias vítimas dos bombardeios. O filme dispensa mediações e mostra, com crueza e humanidade, o que significa viver sob um regime colonial de apartheid.

O projeto ganhou corpo ao longo dos anos com a entrada da roteirista e produtora Juliana Sanson e do montador e co-roteirista Ticiano Monteiro, além de uma pesquisa minuciosa que contextualiza oito décadas de ocupação. “Não é apenas sobre a Palestina, mas sobre a forma como o mundo tem se posicionado ou se omitido diante da tragédia palestina”, diz Juliana.

Castro reforça: “Este é um dos raros filmes brasileiros feitos para o cinema a tratar o tema com profundidade. Onde a diplomacia fracassa e a imprensa hesita, o cinema pode avançar. Nossa resposta é artística, mas também política.”

Notas sobre um Desterro.

Sinopse 

As filmagens do encontro com uma família brasileira-palestina na Cisjordânia de 2018 são revisitadas após 7 de outubro de 2023. O que era para ser um filme sobre as possibilidades de coexistência em uma terra ocupada, se transforma em uma brutal reflexão sobre colonização, apartheid, genocídio e a recente proliferação de imagens de guerra, produzidas pelas próprias vítimas de um massacre que se repete no curso do tempo.  

Serviço

17/11 – Salvador/BA

Teatro 2 de Julho

Exibição gratuita – 19h

Sobre o diretor 

Gustavo Castro é diretor, diretor de fotografia e editor. Realizou mais de 30 documentários sobre temas sociais na América do Sul, Amazônia e Oriente Médio. Em 2025, lançou seu primeiro longa como diretor: Notas sobre um Desterro, um filme-ensaio sobre a questão Palestina. 

Informações para Imprensa: 

Katia Michelle 

(41) 996197678

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