Onde vocês foram parar?

Onde foram parar todos e todas?

De Stefania Ascari.

Bastaram poucas semanas e parece que de repente aquela imensa multidão que dizia ter redescoberto o próprio apoio à Palestina simplesmente desapareceu. Fotos, entrevistas, bandeiras, kefiehs exibidas. Tinha quem dizia que não conseguia dormir à noite, quem fazia aparições na televisão, quem agitava bandeiras nos palcos dos shows, quem corria para ficar na primeira fila das manifestações.
Bastou que os holofotes se apagassem para que todos os paladinos de última hora guardassem a kefieh de volta no armário e passassem para o tema que rende mais likes.
Porque, infelizmente, é isso que importa para muitos: não a coerência, mas a visibilidade e as vantagens pessoais que podem obter.

Mas, enquanto a atenção diminui, em Gaza e na Cisjordânia o inferno não acabou: há famílias deslocadas vivendo em tendas que alagam com a chuva; relatos de maus-tratos nas prisões israelenses; um sistema de apartheid; bloqueio da ajuda humanitária nas passagens; incursões e ataques.
E, notícia de hoje, transferências não rastreadas de palestinos com destino final desconhecido, gerenciadas por uma suposta ONG alemã em colaboração com Israel e possivelmente ligadas a um projeto político de limpeza étnica da Faixa.
Sobre isso, já apresentei uma interpelação parlamentar.

Não desviemos o olhar, porque não acabou, e a dignidade do povo palestino continua sendo pisoteada tanto por quem comete atrocidades, crimes de guerra e crimes contra a humanidade sobre sua pele, quanto por quem usa o sofrimento deles como passarela para seus próprios interesses pessoais.

Voltemos a ser humanos, de verdade.
Palestina livre.