“Os corpos dos prisioneiros mostram provas de crimes nazistas e roubo de órgãos”

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Gaza – PIC. O Diretor-Geral do Ministério da Saúde de Gaza, Dr. Munir Al-Bursh, pediu a formação de comitês investigativos internacionais independentes para investigar os crimes horríveis cometidos pela ocupação israelense contra os corpos dos mártires palestinos recentemente devolvidos à Faixa de Gaza.

Al-Bursh declarou que o que as equipes médicas viram “desafia qualquer descrição e representa uma flagrante violação da dignidade humana e da sacralidade dos mortos”.

Falando ao jornal Palestine Newspaper, afirmou que cada corpo “exige um comitê investigativo internacional”, explicando que muitos apresentavam sinais de mutilação ou esmagamento por veículos blindados, enquanto outros pareciam ter sido executados à queima-roupa com tiros na cabeça ou no peito.

Acrescentou que os médicos legistas observaram evidentes sinais de “sadismo e tratamento de tipo nazista” nos corpos após a morte.

Al-Bursh revelou que o Ministério da Saúde recebeu 315 corpos por meio do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, mas apenas 89 foram identificados. Devido à escassez de recursos médicos e à impossibilidade de conservar os corpos por muito tempo, 182 foram enterrados em uma vala comum sem identificação.

Ele também observou que alguns corpos chegaram decapitados, algemados ou vendados, e outros apresentavam cortes cirúrgicos precisos, levantando fortes suspeitas de remoção de órgãos.

“Vimos tórax cuidadosamente abertos, com corações, fígados, rins e até córneas faltando. Não é a primeira vez que a ocupação comete crimes desse tipo”, disse Al-Bursh.

Ele acrescentou que alguns corpos pareciam ter sido dilacerados por cães treinados, explicando:

“Recebemos um corpo que havia sido atacado por animais selvagens treinados, uma cena horrível que congela a alma.”

Al-Bursh confirmou que os corpos foram entregues em condições desumanas, forçando a equipe médica a usar freezers de peixe para conservá-los temporariamente e permitir que as famílias tentassem identificá-los.

“Não temos necrotérios suficientes nem laboratórios de análise de DNA: foram destruídos pela ocupação”, declarou.

Quando questionado sobre o sepultamento dos corpos antes da conclusão das investigações forenses, explicou que a decisão foi tomada por necessidade, devido à falta de recursos, alertando que “a perda das amostras forenses pode nos custar a possibilidade de provar legalmente esses crimes”.

Ele destacou que o ministério seguiu protocolos limitados de coleta de amostras, mas precisa urgentemente de suporte técnico e de especialistas internacionais para documentar adequadamente os crimes.

“A ausência de ferramentas investigativas pode levar à perda do direito de responsabilizar os culpados”, advertiu.

O processo de identificação dos corpos ainda está em andamento, com as famílias recorrendo a indícios pessoais como roupas, alianças de casamento ou características dentárias. Algumas famílias reconheceram seus entes queridos graças a alianças gravadas ou sandálias distintivas.

Em conclusão, o Dr. Al-Bursh lançou um apelo urgente à comunidade internacional e às organizações de direitos humanos e médicas, pedindo que ativem comitês de investigação internacionais para comprovar os crimes de genocídio, roubo de órgãos e abusos pós-mortem.

Ele também instou a Cruz Vermelha a fornecer os registros completos dos mártires, dos quais 182 foram enterrados sem identificação.

De acordo com a Campanha Nacional Palestina para a Recuperação dos Corpos dos Mártires, Israel detinha 735 corpos palestinos antes do cessar-fogo. Um relatório publicado pelo Haaretz em 16 de julho revelou que o exército israelense está retendo cerca de 1.500 corpos adicionais de palestinos de Gaza no campo militar de Sde Teiman.

Além disso, diversos centros de direitos humanos relataram que numerosos detidos palestinos de Gaza, capturados durante a guerra genocida israelense iniciada em outubro de 2023, morreram sob tortura enquanto estavam sob custódia israelense.

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